sábado, maio 1

                                                 O CONSTRUTIVISMO E A EDUCAÇÃO



A concepção construtivista, nada mais é do que uma nova concepção de mundo. A nova maneira de repensar o processo de ensinar e de aprender, hoje, bem diferente da que se encarava nas outras concepções de educação: apriorista, empirista e outras correntes, essas não serão o enfoque do trabalho.

O construtivismo é uma corrente teórica que explica como a inteligência humana se desenvolve do ponto de vista de que o desenvolvimento da inteligência e é determinada pelas ações entre sujeito e objeto, isto é, entre o indivíduo e o meio.Nesse pensamento, podemos levantar e associar às correntes metodológicas que tem o seu paradigma nos métodos globais de ensino, no que se referem a alfabetizar letrando. Para refletir o construtivismo não é método de ensino, mas uma visão de mundo, uma concepção para repensar o processo, muito em voga na atualidade.

Os estudiosos do assunto têm enfatizado em seus textos e reflexões, a diferença fundamental entre as concepções teóricas, e consideram uma mudança na forma de pensar o processo, com ênfase para quem aprende, para como o sujeito que constroi a aprendizagem, isso é o primeiro passo na aquisição do conhecimento e da compreensão de mundo numa visão de construção.





JIRON MATUI (1995), explica,o construtivismo nasceu da epistemologia genética de Jean Piaget. Hoje, está recebendo uma redefinição enriquecedora em virtude dos trabalhos de Vygotsky, Luria, Liontiev, Wallon e Nuttin, psicólogos europeus de orientação dialética. (...) caracterizado como construtivismo sócio-histórico, em vista da influência desses cientistas.

MATUI (1995, p. 31),explica um pouco mais sobre a epistemologia genética de Piaget; ele estuda a origem lógica dos conhecimentos científicos, mas do ponto de vista de como se origina e se desenvolve na criança esses conhecimentos. Daí o adjetivo, genética. Isto é como a criança constroi conhecimentos. Piaget cria os estágios pelos quais passam as crianças ao longo do seu desenvolvimento.

O importante é que a epistemologia genética é o estudo da gênese e desenvolvimento das estruturas lógicas do sujeito em interação com o objeto de estudo, ou seja, o estudo do processo da construção do conhecimento.

MATUI (1995), continua a afirmar que, “ essa visão permite ao construtivismo focalizar a interação sujeito objeto como uma estrutura bifásica ou bipolar, cujos elementos são inseparáveis. Não há sujeito sem objeto e não há objeto sem sujeito que o construa.”

Tendo em vista que o construtivismo é uma teoria de conhecimento, podemos dizer que nela está implícita uma nova concepção de mundo e que traz uma nova forma de pensar todos os elementos que constituem o processo de ensinar e aprender. Essa concepção trouxe à escola uma mudança radical e tem contribuído, a partir dos anos 70 e 80 em diante, para se estabelecer uma prática mais significativa do ponto de vista da aprendizagem.

Temos aqui uma questão muito importante, embora essa concepção seja de difícil aplicabilidade por parte de alguns professores, pois depende de estudos e aprofundamento, é de necessidade premente abordar o construtivismo como concepção teórica da educação. Assim, estaremos contribuindo para esclarecimento e abrindo caminhos para as mudanças que todos querem, mas têm dificuldades de fazer.

Faz-se necessário esclarecer o pensamento de Piaget, como mentor dessa visão, embora já no século XVIII, Kant já elucidava algumas questões nesse sentido. A concepção piagetiana é construtivista, principalmente porque nos ajuda a pensar o conhecimento científico na perspectiva da criança, ou seja, daquela que aprende. O seu estudo é centrado em compreender como o aprendiz passa de um estado de menor conhecimento a outro de maior, o que está intimamente relacionado com o desenvolvimento pessoal do indivíduo.



Essa teoria veio despertar um grande interesse em educadores, estudiosos de Piaget e outros, do ponto de vista da linguagem como é o caso de Emília Ferreiro, que fez um estudo sobre o processo de alfabetização, com base nas descobertas de Piaget.



Emília Ferreiro (1993), argumenta:





“ Os processos de construção sempre supõem reconstrução; no entanto, o que é que se constrói? É preciso reconstruir um saber construído em certo domínio para aplicá-lo a outro; há reconstrução de um saber construído previamente com respeito a um domínio específico para poder adquirir outros conhecimentos do mesmo domínio que, de algum modo, têm sido registrados sem poder ser compreendidos; também há reconstrução do conhecimento da língua oral que a criança tem para poder utilizá-lo no domínio da escrita. ( FERREIRO, 1993, p. 87)



Os fatores que mais chamaram a atenção nessa concepção teórica, podemos destacar, são:

• ela descreve as características do pensamento sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e formal, que Piaget nomina de Estágios de Desenvolvimento da Criança;

• faz uma análise sistemática da gênese das noções básicas do pensamento racional ( espaço, tempo e ...);

• aborda como ocorre a aprendizagem pela interação do sujeito com o meio;

• explica como se dá a assimilação e acomodação , conflito cognitivo e a construção propriamente dita;

Na teoria piagetiana, o professor é concebido como ser muito ativo, mediador do processo entre o sujeito e o conhecimento. Esse, tem que acompanhar, analisar, intermediar, intervir e ouvir como mediador da aprendizagem.

O aluno, por sua vez ( sujeito) é um ser ativo, antes de tudo, capaz de estabelecer relações de troca com o meio-objeto ( conhecimento, físico, pessoa...), numa situação de experiência significativa, uma vez que nessa interação entre sujeito e o meio que ele domina se processa a assimilação. Nesse sentido, cabe ao educador organizar situações problema que o desafiem a buscar e interagir nesse meio qualificado, para alcançar um nível mais elaborado na aprendizagem.

Desse ponto de vista, o estudante só “conhece a realidade atuando sobre ela”, por isso o professor mediador tem um papel fundamental, de provocar o intercâmbio com o meio mediatizados pelos esquemas de ação e pelos esquemas de representação, que nada mais são do que estruturas mentais das crianças.

Os esquemas de ação conhecidos como os primeiros reflexos das crianças

( sugar, pegar, equilibrar...), que elas têm e que ao longo do desenvolvimento, vão se aprimorando. Por outro lado, os esquemas de representação só tornam-se possíveis quando a criança adquiriu a função semiótica, ou seja, a capacidade se estabeleceu.





A visão construtivista de Piaget



“ Para Piaget, ter assegurado o direito à educação, significa ter oportunidades de se desenvolver, tanto do ponto de vista intelectual, como social e moral.

Nesse sentido, a lógica, a moral , a linguagem e a compreensão das regras sociais não são inatas, ou seja, pré-formadas na criança, nem são impostas de fora para dentro, por pressão do meio. São construídas pelo indivíduo ao longo do processo de desenvolvimento, ou seja, ao longo da sucessão de estágios que se diferenciam um dos outros, por mudanças qualitativas. Mudanças essas que permitam não só a assimilação de conhecimentos, mas construções novas, através da acomodação, que servem de ponto de chegada por um lado e ponto de partida para novos conflitos cognitivos e novas adaptações. Assim, ocorre o processo de autonomia intelectual e moral.



Os estágios piagetianos



Para melhor entendermos a teoria, é fundamental que entendamos o processo, assim:

1) Estágio sensório motor: iniciação das coordenações e relações de ordem entre as ações, início de diferenciação entre objeto/corpo;( mais ou menos aos 18 m), constituição da função simbólica. O campo da inteligência relacionado com ações concretas. ( 0-2 a).

2) Estágio pré-operatório: reprodução de imagens mentais, intuição, linguagem comunicativa egocêntrica, atividade simbólica pré-conceitual, descentração.( 2-6a)

3) Estágio operatório concreto: capacidade de classificação, seriação, agrupamento, reversibilidade, linguagem socializada, atividade concreta, pouca abstração. ( 7- 11a )

4) Estágio Formal: fase de transição para a abstração, hipotética, linguagem como suporte do pensamento conceitual. ( 11a em diante)



Essas são as contribuições mais significativas da concepção construtivista para o processo educacional. Nesse trabalho, apenas pincelou-se os aspectos e características mais relevantes, ficando em aberto para aprofundamento do tema, pois o objetivo não era esgotar o assunto.

Assim, considerando que esta pesquisa não finaliza nem aprofunda a contribuição de outros construtivistas, nem a prática do professor em sala de

aula , pois nesse sentido, há vasta bibliografia sobre o assunto.

Para chamarmos a atenção, indicamos que os estudos podem partir do ponto de vista da criança, isto é, como o sujeito aprende para que possamos chegar a como se ensina, numa visão de construção de conhecimentos.

É necessário um aprofundamento das principais concepções para que se possa perceber as relações coerentes , as contradições, as consistências e com isso montar uma didática prática nessa linha de ação.













REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS





MATUÍ, Jiron. Construtivismo: teoria construtivista sócio-histórica aplicada ao ensino. Moderna, São Paulo, 1995.



WWW. Geocities.com/lucila_mariapesce/trabalho/PUC



FERREIRO, Emília. Com todas as letras. 2ª Ed. traduçãoMaria Zilda da Cunha Lopes; retradução e cotejo de textos Sandra Trabucco Valenzuela. São Paulo. Cortez Editora.1993.









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