segunda-feira, abril 28

A aprendizagem da leitura/ estratégias

Toda a aprendizagem deve estar ancorada nos conhecimentos prévios. Kleiman (2002) afirma, quando fala de oficinas de leitura e o uso de estratégias para tornar o leitor eficiente, "que esse é um ato individual de construção de significados num contexto que se configura mediante a interação entre o autor e leitor, e que , portanto, será diferente, para cada leitor, dependendo de seus conhecimentos, interesses e objetivos", isto é de seus conhecimentos prévios.
A autora argumenta que estratégias são "operações regulares para abordar o texto".Nesse sentido, o uso das estratégias leitoras vão ajudar na compreensão das idéias do texto. Atualmente, há uma forte tendência da lingüística textual no uso das estratégias para compreender melhor e inferir o dito no contexto do texto.
Essas estratégias podem ser gognitivas e metacognitivas.
As metacognitivas " são as operações (não regras), realizadas com algum objetivo em mente
com o devido controle". Ex.:autoavaliar a própria compreensão e determinar o objetivo;
As estratégias cognitivas são operações inconscientes do leitor, no sentido não consciente". Ex.: fatiamento sintático;
" Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos, aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. Professor assim, não morre jamais". Rubem Alves

Tomando a idéia de Rubem Alves todo o educador se imortaliza pelo que faz, daí educar pelo exemplo. Por isso, temos que acreditar numa concepção teórica que ilumine o nosso fazer pedagógico e impulcione o agir, que é movido pelas forças interiores.
Na reflexão sobre a superação do analfabetismo, isto é a apropriação da leitura e escrita pelos milhares de "analfabetos funcionais" brasileiros, temos que buscar parcerias nas universidades, instituições educacionais tanto estaduais como municipais para que garantam a alfabetização de qualidade a crianças e adolescentes. Assim como o processo de conhecimento da crianças e do adultos, também devem garantir a formação continuada aos educadores dessas redes. Pois não se tem notícias da qualificação em serviço, formação continuada, apoio de governos, subsídios para o que é previsto na legislação desde a LDB. esporadicamente se ouve falar em bolsas de estudos, para uma minoria, das minorias.
O que está acontecendo com as verbas para a educação?
Dessa forma, quem sai prejudicado é o estudante. Se considerarmos um estudante de 4ª e de 5ª séries, eles não conseguem interpretar um enunciado com um grau de maior complexidade. Eles não têm estratégias de cognição para entender a verbalização do educador ou um texto de pequeno porte. Pra isso, é preciso ensinar estratégias integrando os elementos de inferência, autocorreção, finalização e outros, para que após, o estudante faça a sistematização das idéias que estão nas entrelinhas dos textos. Isto é compreender o que lê. Pois aprende-se ler lendo. E na sala de aula é o lugar mais rico para essa construção, o professor analisa, orienta, encaminha, desafia , acompanha, propõe e avalia todo o processo.

Todo o trabalho de leitura envolve os processos: ( Van Dijk)
a) ascendente-o leitor parte das unidades menores do texto para as maiores.Ex.: letra.....texto.
b) descendente- o leitor vai das unidades maiores para as menores.Ex.: texto, parágrafo.....letra.
c) Interativo: os dois processos interagem durante a leitura.
Com essa reflexão, o que quero argumentar é que todo o alfabetizador tem que ter referenciais teóricos para construir paulatinamente, as suas práticas. e, principalmente, nos planos da linguagem : fonológica, sintática, semântica e pragmática, sem esse referencial o processo de leitura não se constitui num ato ativo de comunicação que leva o leitor a construir, intencionalmente, em sua própria mente, a partir da recepção, o sentido do texto. Isso será possivel se nós educadores tivermos clareza do foco do nosso trabalho e revisitarmos nossa formação constantemente, senão podemos ter um discurso muito avançado, "lindo" e uma prática permeada pelo retrocesso, fora da realidade emergente em relação a ensinar a aprender de forma significativa.
Aqui abre-se o espaço para discutir, aprender e repensar o que já fizemos até agora. Conto com você para colaborar e enriquecer com novas idéias!

sexta-feira, abril 25

APRENDER A LER E ESCREVER

A aprendizagem da leitura e escrita, enquanto etapa inicial do desenvolvimento e da aprendizagem são aspectos complexos e têm variadas implicações.
Se considerarmos a alfabetização como início do processo de aquisição da leitura e da escritura, temos que elevar um olhar mais contundente, chamando a atenção para a amplitude e profundidade conceitual e não de forma restritiva e superficial.
Solé ( 1998) afirma:
" Estes procedimentos, porém vão muito além de certas técnicas de translação da linguagem oral para a linguagem escrita, o domínio da leitura e da escrita pressupõe o aumento do domínio da linguagem oral, da consciência metalingüística ( isto é, da capacidade de manipular e refletir intencionalmente sobre a linguagem (...) e repercute diretamente nos processos cognitivos envolvidos nas tarefas que enfrentamos."
Analisando, do ponto de vista do ensino e da aprendizagem a leitura e a escrita, isto é, a alfabetização propriamente dita requer o desenvolvimento e intervenção do adulto na consciência metalingüística e fonológica, principalmente, isto é intervenção na "zona de desenvolvimento proximal", segundo Vigotsky. Para esse autor o desenvolvimento real acontece pelo movimento, isto é, pela intervenção do adulto nas estruturas mentais do sujeito.
Solé, ( 1998), também concorda quando fala da aquisição da linguagem escrita e oral. " Em ambos os casos é necessária a presença de um adulto, de um meio social, que ajude a criança na interação educativa, seja do tipo formal, como acontece na escola, seja informal, como no caso da família."
Para a aprendizagem a criança precisa ter desenvolvida a "consciência metalingüística para dessa forma, compreender e entender os segredos do código."
Os pesquisadores afirmam que as crianças desde muito cedo são hábeis usuárias da linguagem, são capazes de se irritar quando ouvem coisas erradas e, também, são capazes de refletir sobre a linguagem, com isso estabelecer o conhecimento do sistema de representação alfabético, necessário para a leitura e escrita. A criança vai gradativamente se apropriando ( aprendizagem) dos conhecimentos necessários para a leitura e escrita convencional, como nós adultos o fazemos.
Solé, argumenta que "o fundamental é que o escrito transmite uma mensagem, uma informação, e que a leitura capacita para ter acesso a essa linguagem (...) assim constrói-se paulatinamente a idéia de que o escrito diz coisas e que pode ser divertido e agradável conhecê-las, isto é, saber ler."

Do ponto de vista da aprendizagem e do desenvolvimento ou vice-versa, nos reportamos para o embasamento teórico na visão de Ausubel quanto a integração do conteúdo aprendido numa edificação ordenada, a estrutura cognitiva do estudante.
Na visão desse autor, ele propõe "organizadores prévios, âncoras criadas para intervir na estrutura cognitiva interligando conceitos aparentemete não relacionáveis através da abstração."
Assim, concebemos a aprendizagem significativa como processo por meio do qual uma nova informação estabelece conecção com um aspecto importante das estruturas de conhecimento do sujeito aprendente.
E nesse aspecto tanto a criança como o jovem constroem a alfabetização, isto é, a aquisição dos conhecimentos significativos com a mediação do educador, que detém a habilidade e a competência de agir de forma dinâmica subordinando o método de ensino( global, sintético, misto...) à capacidade do aluno a assimilar a informação.
COMO FAZER NA PRÁTICA?
Os estudiosos afirmam que para aprender a aprender mediados pelo professor é necessário:
# organização dos conhecimentos para estabelecer a consciência fonológica e metalingüística numa sucessão para melhor assimilação;
# estabelecimento da conecção (âncora), correlação entre os conhecimentos prévios e o conhecimento novo;
# Mediação, intervenção na zona de desenvolvimento;
# detalhamento de um método com diferentes estratégias e critérios que proponha correlação entre conceitos e estruturas.

Ler e escrever são questões polêmicas, complexas, mas que têm que ser ensinadas. O papel do professor é buscar as estratégias lingüísticas para ajudar na compreen~são. Nesse sentido, as metodologias é que devem ser diversificadas para atender as individualidades e assim potencializar a qualidade da aprendizagem: isto é alfabetizar!
Esta reflexão leva a reforçar que a alfabetização tem que estar na mão dos alfabetizadores, isto é dos educadores habilitados. Dê sua opinião sobre o tema professor(a)!!!

O que fazer para alfabetizar?

O RS é um estado privilegiado, tem o menor índice de analfabetismo. Em 2000 os dados apontaram 6,7% da população acima de 15 anos, com uma força produtiva concentrada na indústria e agro-pecuária e escolarizada, chegando ao ensino superior, caso raro nos estados, por exemplo, no nordeste. Com problemas, em locais específicos com grupos de baixa escolarização e analfabetismo. Porém, há uma preocupação por parte dos educadores com os programas, hoje, Alfabetiza... , implantados pelas políticas públicas com apoio de entidades não governamentais, todos até agora têm sido paliativos, pois não trouxeram resultados, isto é o resgate da cidadania plena do indivíduo nem educação de qualidade. Isso, se muitas vezes, pelos critérios de encaminhamentos, muitos deles entregam a alfabetização na mão de pessoas inesperientes, sem habilitação específica, fora do contexto da escola. Nada contra essas pessoas que de boa vontade querem ajudar, mas alfabetizar exige conhecimentos teóricos e práticos, pois a apropriação da língua portuguesa é muito complexa e a nossa escrita muito mais, daí a necessidade de conhecimentos: fonológicos, sintáticos, morfológicos, léxicos e pragmáticos. Como um leigo alfabetizaria? Contrariando todas as políticas públicas e programas que já passaram desde o Mobral...as autoridades já deveriam ter desconfiado que estão trilhando o caminho às avessas, senão o problema estaria sanado. Não acham?
Como se isso não bastasse, o RS hoje atravessa o mais grave retrocesso na educação, pois após 27 anos de serviço na rede pública voltei aos meus tempos de estréia no magistério, com multisseriação, enturmação, etc. Será que os frutos dessa desestruturação não irá repercutir na sociedade com elevação de índices de "analfabetos funcionais"?
Como educadora, isso me preocupa, pois não há uma análise do contexto da sociedade, nem quem são os estudantes de hoje. Atualmente, as crianças, os adolescentes e os adultos estão ávidos de saber, os anseios e as necessidades são outras, diferentes do início do século passado; os estudantes têm outras expectativas da escola e dos professores, as exigências são outras, por isso a metodologia de trabalho, os investimentos em recursos ( principalmente os tecnológicos)
devem ser diferenciados, a formação continuada dos docentes deve ter um olhar mais analítico com apoio ao trabalho docente, considerando que temos uma diversidade nas nossas salas de aula.
No século XXI, temos crianças e jovens cheios de esperanças e, outros, com uma história de vida e trabalho com dificuldades, necessidades e desejos, de uma escola com outra estrutura, com outros equipamentos, metodologias diferenciadas para atender a heterogeneidade da demanda bem como a espera de um educador que tenha , pelo menos dignidade na sua profissão. Tudo isso demanda uma nova pedagogia em termos de paradigmas para o ensinar/aprender dos estudantes.
Nesse sentido, é necessário revermos as concepções teóricas para o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, isto é uma alfabetização de qualidade, pois o fenômeno do analfabetismo só será minimizado com uma boa dose de vontade política, principalmente com o cumprimento da legislação. Assim, se levássemos em conta as Diretrizes Curriculares da Educação já era um bom começo, poder-se-ia resgatar a cidadania plena do sujeito e muitos jovens que estão à margem dos bens culturais da humanidade, pela condição do analfabetismo,
poderiam estar incluídos nos meios acadêmicos, dos quais têm direito. Mas tudo isso se faz com investimento na educação, coisa que está sendo cortada pelo governo. O que será das gerações futuras meus colegas educadores?

quinta-feira, abril 17

Analfabetismo não é epidemia

http://batista2008.blogspot.com/
O analfabetismo é um fenômeno presente, nos municípios, estados e país. Nessa reflexão, estamos constatando que , não só nas regiões mais pobres (embora aí seja mais acentuado), como também nas periferias dos grandes centros. A concentração de índices de analfabetismo está entre dez e dezoito anos,segundo os especialistas. As políticas públicas, os programas históricos, que nos afligem como educadores, até agora não levaram em conta os perfis dos segmentos da sociedade atual, não observaram os critérios, que a educação deve estar na mão dos profissionais que se habilitaram e se qualificaram para isso. Não é porque é alfabetização de jovens e adultos que qualquer um pode fazer. Isso é um desprestígio, um desrespeito a educação e às pessoas em geral. A alfabetização tem que ser tratada com rigor, pois a aprendizagem da leitura e escrita têm que ser ensinadas. Ensinada de forma criteriosa com metodologias adequadas à faixa etária, às características dos educandos, com as questões culturais daquela região, isso já orientava o grande mestre Paulo Freire autor de Método de Alfabetização. A forma como tratam o analfabetismo, como se fosse uma epidemia, que tem que ser "erradicada", com programas que até agora não solucionaram a questão só tem crescido a problemática. Mudar de nome o programa com as mesmas linhas de ação, me parece que teremos esse fenômeno com continuidade por muitos séculos, ainda. Está faltando a dialogicidade, a intenção, a ação concreta para que as coisas se transformem. Isso é o mínimo que uma sociedade quer pelo que paga por uma educação pública de qualidade! A justiça deve prevalescer!!! Não acham meus amigos?

domingo, abril 13

Educar as emoções/sentimentos

Educar as emoções!! Assistindo a um seminário, ouvia o palestrante fazendo a reflexão sobre a possibilidade de educar os sentimentos. O prof. Dr. Thums, referenciou que a razão, o resultado domundo prático, a tecnologia fascina e é aspecto muito forte. Nesse contexto, é possivel educar os sentimentos? A vida é diferente e tem a ver com o coração e com a alma, por isso queremos o sucesso, o sucesso de nossos semelhantes e com isso ser feliz, bem como fazer os outros felizes. Criar um modelo de vida que provoque uma implicação. " Pensar e sentir só têm significado se estivermos profundamente implicados". Com essa afirmação do prof. dá a entender que todas as experiências, das quais, nos apropriamos na construção do nosso conhecimento vão fundamentar o nosso eu, bem como representar nosso pensar e sentir.Disse ele que "as emoções são aprendidas de forma individual, são rápidas e passageiras,mas os sentimentos são aprendidos na relação com a implicação e, fazem sentido na socialização. Precisam ser expressos!" O mestre afirmou que o papel do professor nesse sentido é de desencadear o processo de socialização pelo viés das emoções e dos sentimentos, pela entrega, pelo encontros, pela afetividade, pelas ações que estimulem o bom relacionamento, isto é, ações que dignifiquem a vida e a qualifiquem. Ainda ressaltou que:

1- Aprender é de dentro para fora e eu acrescentaria que motivação também é;

2- A escola não resolve tudo;

3-O despertador do aluno é pelo vínculo;

4-A escola é experiência;

5-A escola é aprendizagem!

Assim, volto a reflexões que fiz noutros contextos, que a escola tem um papel muito importante na construção do vínculo. Todo o educador tem que ter essa sensibilidade de construi-lo com seu grupo antes de qualquer tipo de conteúdo. E , retomo o poema de um aluno de quarta série : Rodrigo Mindlin, in Alda Beraldo, que já trabalhei com as quintas séries da minha escola para tentar estabelecer esse vínculo e assim, ensinar a estrutura do texto poético:

O coração

Viajar/voar/largar/o coração/para ele/ se acostumar/ com o ar/ e voltar/ a mim./E sonhar/ e relembrar/e adormecer. /E enfim/ acordar/e me/preparar/para sentir/ emoções/ alegrias/para quando /a noite chegar/dormir e descançar.

Não é preciso dizer mais nada, pois se uma criança sabe o que é sentir emoções, sonhar, basta dar oportunidades, deixar livre, estabelecer com ela a ação, que aos poucos a expressão flui.VAI NESSA EDUCADOR!!!

sexta-feira, abril 11

Reflexões/leitura

O bom velhinho já dizia numa só estrofe de versos sem rimas, estabelecendo uma relação intrínseca com o presente que "Os Poemas, são e ele os definia assim:
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mário Quintana
É nesse poema que o poeta diz com palavras mágicas o que é um poema, definindo dessa forma, com poucas palavras o que de mais encanto o nosso imaginário possa alcansar e usufruir.

quinta-feira, abril 3

Educação

Quem canta os males espanta!!!!
Lembrei do meu professor do pós de Literatura, ele escreveu assim:
DANADO
Que outro hesitaria tanto tempo entre uma
anáfora
e uma lista?
Eis o escritor, o artista.

As coisas úteis são dos que só vivem,
dos que dormem
depois de completar suas tarefas.

os nomes dessas coisas são daqueles
que escrevem nos jornais, que lêem somente
o que os inteligentes devem ler.

A coisa com seu nome, e o nome próprio à
coisa,
as noites sem dormir e os dias à sonhar,
a guerra quotidiana contra a estupidez
e o seu próprio limite são do artista.
É este o escritor.

Este mestre deixou marcada sua presença, sua história quando passou por aqui. Paulo Seben,
soube dar o recado como educador e historiador (Literatura RS) , ensinando os estudantes a dar sentido às informações!!! Fantástico!!!! Leia mais....