domingo, março 21

ALFABETIZAÇÃO UMA QUESTÃO EM ABERTO

 Uma questão aberta ao debate, é a alfabetização. As orientações no âmbito tórico e prático diferem, uns preconizam o diálogo entre alfabetização e o letramento e explicam a diferenciação entre os termos na prática. Alfabetizar, passa a designar o aprendizado inicial de leitura e escrita emquanto Letrar expressa o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, bem como o uso de habilidades em práticas sociais", é um estado ou condição que adquire um grupo social".
Partindo desse pressuposto, temos a afirmação de Paulo Freire ( 2001), " aprender a ler e a escrever é aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto numa relação dinâmica vinculando linguagem e realidade  e ser alfabetizado é tornar-se capaz de usar a leitura e escrita como meio de tomar consciência da realidade e de transformá-la".
Examinemos a seguir o conceito de alfabetização (1980) , ele foi ampliado pelo viés da gênese da língua escrita, preconizado pelas pesquisa de Emília Ferreiro e Ana Teberosky. A partir delas, ele se caracteriza como processo ativo por meio do qual o estudante constroi seu próprio aprendizado construindo e reconstruindo hipóteses sobre o funcionamento da lingua escrita, compreendida por um sistema representativo e não mera codificação ou decodificação de sinais gráficos sem sentido, isto é, a relação fonema/grafema, como se constatam em muitos métodos de ensino.
 Outra questão contraditória e causadora de muitos embates são os métodos de alfabetização, pois no que se refere a teoria do construtivismo, percebemos um vazio, nas entrelinhas da leitura que fazemos. A questão teórica foi expressa , mas a prática não se estabeleceu em nenhum método, embora se perceba o esforço de alguns autores em criar uma Didática para a prática pedagógica. Progressivamente vem se percebendo que os métodos globais apresentam características e ou estratégias mais coerentes nessa caminhada de busca  por uma prática que dê conta da alfabetização no seu sentido mais amplo. Isto é, do alfabetizar letrando, estes dois processos diferentes, mas indissociáveis e simultâneos.
Assim, a montagem de um ambiente alfabetizador, o envolvimento do grupo de aprendizes em experiências variadas, histórias, poemas, letras, números, com diferentes gêneros de textos, jogos lúdicos com palavras, letras e imagens, que possam interagir de maneira inteligente, relacionando sons/grafemas no contexto dos textos é que proporcionarão a condição básica: habilidade de codificação e decodificação da língua escrita, o reconhecimento dos processos de tradução da fala sonora para a forma gráfica num todo harmônico, com isso adquirindo a competência leitora.
 Nessa leitura, há necessidade de revermos os procedimentos metodológicos para alfabetizar, uma vez que em cada método se preconizam alguns procedimentos em detrimentos de outros. O que me parece claro, que para o ensino de leitura e escrita de forma significativa devemos enfatizar os aspectos, semântico, fonológico, morfológico e pragmático e não um ou outro. Daí o método global, segundo Marlene Carvalho (2007) estar mais perto de contemplar essas questões.